<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, agosto 29, 2003

O pianista da extrema-direita
(versão 51e - série “artes”)
O pianista da extrema-direita desembaraçado do antebraço da sua anti-ideologia acometera-se de uma súbita tendência para a nova música improvisada.
Se o Cage não conseguira emudecer uma plateia de atónitos melómanos porque não haveria eu de o conseguir?
E lá se propôs a interpretar 10 exactos minutos de silêncios.
Aqui e ali intervalados pelo virar sempre muito compenetrado das pautas.
Estranhando o silêncio que se fazia ouvir(?) permitiu-se olhar de soslaio em direcção à plateia de impávidas e solitárias cadeiras à beira de um ataque de nervos. Não se contendo interrompeu de imediato o concerto disparando sobre o pequeno piano aos 4 minutos e 33 segundos.
Tanto silêncio minimal para nada!

Comentários:

quinta-feira, agosto 28, 2003

O percussionista
(versão 46a - série “artes”)
Para não se ouvir percutia com tanta força no mundo (com as batutas que são os seus braços) que nunca chegou a perceber que ninguém o escutava. E continuava a percutir porque a indiferença do público era-lhe preferível ao que tinha para dizer.

Comentários:
O contrabaixo
(versão 47a - série “artes”)
Praticamente a toda a hora.
Enlaçavam-se e afagavam-se demoradamente...
Ensaiavam-se para depois se exibirem.
E perante despudoradas testemunhas...
...As suas mãos moldavam-lhe todas as formas.
Por vezes, muitas vezes enredados neste abraçar quase imóvel
Despertavam-se
Na
Música.
Do
contrabaixo.

Comentários:

sábado, agosto 09, 2003

O concerto
(versão 44b - série “artes”)
Olhou de soslaio para o seu bolso e sorriu. “Não se lembraram de tudo”, murmurou. Bachinas de Cima agradeceu os aplausos e começou a tocar. As notas foram tomando os lugares da sala e a melodia foi preenchendo o silêncio... Até que a mão do homem que sorriu se escapuliu para dentro do bolso. Bachinas de Cima continuou a tocar. Mas sem notas, sem melodia. Apenas com aquelas que habitavam na sua cabeça e que o iludiam nos sons produzidos. Na sala reinava o silêncio. E os rostos atónitos. Uma gargalhada fez-se ouvir.
(replagiado dedicado ao comentador Pocti | 24-07-2003 14:37:56)

Comentários:
O pianista
(versão 45a - série “artes”)
A sua música é indefinível, ao mesmo tempo alegre e sombria, leve e densa. Ele gosta dos contrastes, das longas faixas musicais de um fraseado inesperado, algumas vezes sincopado, outras orquestrado com a mais bela construção clássica. Esse músico talentoso, compositor emérito, grava os seus discos aleatoriamente, independentemente dos seus humores e desejos. Apenas a inspiração força o seu trabalho.
(replagiado dedicado ao comentador Paula | 29-07-2003 19:32:41)

Comentários:

This page is powered by Blogger. Isn't yours?