<$BlogRSDUrl$>

domingo, janeiro 30, 2005

Auschwitz - Birkenau (Then and Now)


(versão 1291e - série "artes")



Then and Now foi um projecto que The Auschwitz Museum Archive propôs, em 1978, a Alan Jacobs para que, a partir de desenhos/pinturas realizados por "artistas-sobreviventes", fotografasse os lugares aí retratados (o que viria a acontecer em 1996):

A Street in the Women’s Camp

(Janina Tollik)



(foto que Alan Jacobs realizou a partir do desenho de Janina Tollik)

The women’s camp at Auschwitz II-Birkenau, B1A

Comentários:

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Auschwitz


(versão 1282b - série "porque morremos, senhor?")

Auschwitz - Birkenau
Símbolo máximo do Holocausto: assinala-se hoje o 60.º aniversário da libertação do campo de concentração nazi.

Faltando-me palavras, as de Primo Levi: "Se Isto É Um Homem"



Se questo è un uomo

Voi che vivete sicuri
nelle vostre tiepide case,
voi che trovate tornando a sera
il cibo caldo e visi amici:
Considerate se questo è un uomo
che lavora nel fango
che non conosce pace
che lotta per mezzo pane
che muore per un sì o per un no.
Considerate se questa è una donna,
senza capelli e senza nome
senza più forza di ricordare
vuoti gli occhi e freddo il grembo
come una rana d'inverno.
Meditate che questo è stato:
vi comando queste parole.
Scolpitele nel vostro cuore
stando in casa andando per via,
coricandovi alzandovi;
Ripetetele ai vostri figli.
O vi si sfaccia la casa,
la malattia vi impedisca,
i vostri nati torcano il viso da voi.

(foto de Alan Jacobs)

No Porque Morremos, senhor? "Se Isto É Um Homem" (em português)

Comentários:

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Raphael Augusto Bordallo Prestes Pinheiro


(versão 1279b - série "artes")

Apontamentos Sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb pela Europa (1872), uma sátira à viagem de D. Pedro II pela Europa (Rasilb é uma anagrama de Brasil),



é considerada a primeira história aos quadradinhos portuguesa.




Comentários:

domingo, janeiro 23, 2005

Raphael Augusto Bordallo Prestes Pinheiro


(versão 1274a - série "artes")

O Pioneiro da Banda Desenhada em Portugal por Vasco Granja

"Rafael Bordalo Pinheiro [(1846-1905) - comemora-se hoje o 1.º centenário da sua morte] é considerado como o primeiro artista português que criou histórias com sequência lógicas, contendo textos integrados de forma harmoniosa, concebendo cada imagem como uma unidade indissociável do conjunto. Coube a Rafael dar a mais valiosa contribuição de desenhadores portugueses para o desenvolvimento de uma expressão artística que mais tarde seria conhecida como histórias aos quadradinhos.

Neste domínio ele foi um desbravador de grande mérito, tal como aconteceu com o suíço Rodolphe Töpffer, os franceses Caran d'Ache, Benjamin Rabier e Gustavo Doré, os britânicos Thomas Rowlandson e Marie Duval, o alemão Wilhelm Busch, os famosos pioneiros daquilo que hoje se denomina correntemente como banda de desenhada, denominação inventada em França em época recente.

Rafael teve uma sólida formação cultural e bem cedo revelou acentuada tendência para se exprimir através do desenho, da aguarela, da caricatura e da pintura, manifestando igualmente irresistível vocação para o teatro, chegando a representar como amador e profissional. Mas o pai não via com bons olhos que o filho se inclinasse para as luzes da ribalta... Frequentou a Academia de Belas-Artes, teve um emprego que nada significou para ele e foi realmente a intensa actividade de desenhador e de pintor que caracterizou a sua vida artística.

Revelou qualidades excepcionais para editar e dirigir jornais, revistas e álbuns de natureza satírica que o tornaram popular junto de numerosas camadas de leitores. A primeira incursão neste domínio ocorreu em 1869 com O Calcanhar de Aquiles, que se prolongou até ao ano seguinte. Tratava-se de observações muito acutilantes acerca do meio literário da época mas sem azedume. Deve dizer-se que esta foi uma regra que Rafael aplicou sempre em todos os seus trabalhos...

No ano seguinte lançou, entre outras publicações, A Berlinda, onde critica o conservadorismo político da época. O último número deste semanário, revelou o espírito contestador de Rafael ao focar a acção censória do governo perante o ciclo das Conferências do Casino, nas quais um grupo de escritores procurava informar a opinião pública acerca das novas correntes do pensamento europeu. O autor utilizou o acontecimento para descrever em trinta imagens sucessivas, colocadas em cinco tiras e colocando as legendas na parte inferior, levando o leitor a lê-las desde o princípio até ao fim. Podia-se ouvir o narrador, ou seja, Rafael... Ali se descrevia todos os tipos característicos da sociedade portuguesa. O povo famélico cantava o fado, os ministros arrogantes discursavam sem nada dizerem de concreto, o clero revelava fartura, as dançarinas do cancan excitavam o auditório, a corrupção estava em todo o lado. Enfim, uma sociedade de sucesso... A história tinha como título Conferências Democráticas.

Também em 1872, e indo ainda mais longe do ponto de vista crítico e na concepção de história aos quadradinhos, o desenhador apresentou Apontamentos de Rafael Bordalo Pinheiro sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb pela Europa, a sua maior obra de fôlego do género, pois desenrolava-se ao longo de 14 páginas com 120 desenhos. Foi um grande êxito pois teve três edições. Rasilb era o anagrama de Brasil e o imperador em causa, D. Pedro II, vive peripécias inesperadas em diversos países que o deixam estarrecido, convivendo com pessoas ilustres e cometendo alguns disparates durante a acidentada excursão.

De excelente qualidade gráfica e particularmente acutilante no que se refere à interpretação crítica é a história aos quadradinhos intitulada M. J. ou a História Tétrica duma Empresa Lírica, que foi editada em dois folhetos no ano de 1873. Tratava-se de uma estranha aventura vivida por Manuel José Ferreira que criara uma periclitante associação para explorar o Teatro São Carlos de 1873 a 1876. O homem não estava preparado para a função de administrador do famoso teatro lírico e acabou por ir à falência. A história foi publicada em dois cadernos de quatro páginas, com imagens colocadas livremente em quatro tiras, com excepção da página seis, contendo cinco tiras. A caracterização das personagens é mais elaborada, retratando figuras conhecidas que frequentavam habitualmente o teatro. Os desenhos são concebidos com muita elegância e firmeza de traço, há numerosos efeitos cómicos, como a imagem deitada em que M. J. é elevado a grande altura, ou ainda os grandes planos dos assinantes antes e depois da entrada na sala, sem contar com os saborosos pormenores das mãos da claque e dos pés dos espectadores, e também as imagens sucessivas do governo a abanar as orelhas e torcendo o nariz...

Rafael Bordalo Pinheiro teve meritória acção como proprietário, director e editor de diversas publlicações que repousavam nele em grande parte. A sua produção artística no domínio da caricatura, do desenho humorístico e das histórias desenhadas foi invulgar não só pela qualidade como também pela quantidade.

Foi experimentador no mais completo sentido da palavra, procurando desenhar imagens demolidoras para combater a mediocridade de uma sociedade que foi incapaz de se modernizar. Lançou um olhar mordaz para os políticos e governantes do seu tempo, incapazes de orientar o país no caminho do progresso e do bem-estar do povo.

A sua obra é muito vasta e encontra-se espalhada por milhares de páginas que constituem um dos mais importantes repositórios da sociedade portuguesa do final do século passado. As publicações que dirigiu e para as quais desenhou centenas e centenas de desenhos, com destaque para a A Lantena Mágica (1875), António Maria (1879-1885), Álbum das Glórias (1880-1883), Pontos nos ii (1885-1891) ou A Paródia (1900-1906), revelaram a excepcional capacidade de fazer rir o público, castigando com humor os diversos poderes instituídos.

Criou uma figura popular que permanece viva e actual no comportamento e na maneira de viver do povo português: o Zé Povinho, síntese de indomada rebeldia e de sofrido conformismo, falando em nome de todos aqueles que normalmente não têm voz..."


Se o insigne desenhador e ceramista tivesse nascido num qualquer país mais ou menos civilizado veria 2005 como Ano Rafael Bordalo Pinheiro... Do mal o menos, o seu Museu (Lisboa), encerrado desde 1999, promete mostrar-se ainda este ano!!!

Comentários:

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Albert Cossery


(versão 1266b - série "vícios")

"La vie de quelqu'un n'a aucun intérêt, surtout la mienne, parce que je suis dans mes livres."

A propósito do álbum de BD Les couleurs de l'infamie de Golo a partir Cossery (Dargaud, 2003).

Os norte-americanos tiveram os beatniks. Os europeus, Albert Cossery. Todos eles escritores fascinados pela vida na estrada, sem as amarras da sociedade contemporânea. Isto inclui casa, família, dinheiro, padrões de comportamento sexual e, é claro, trabalho.

- É possível viver sem ter um emprego ou respeitar leis?
- Qual é o papel dos loucos, marginais e ladrões?
São questões que começaram a ser formuladas no começo do século XX e nunca mais deixaram de reaparecer. Albert Cossery é uma das principais vozes desse incómodo com todos os valores aceites como respeitáveis.

Considerado um mestre da arte de ridicularizar os poderosos e os medíocres do mundo, Cossery é também o profeta do ócio - mas não o domesticado. Em 60 anos de carreira, escreveu apenas oito livros - segundo ele, "ao ritmo de uma frase por dia".

"Fazer nada é uma actividade interior; não é preguiça, é reflexão". O que ele rejeita é a maneira ocidental de ver as coisas: estar sempre tão ocupado e distraído que não há tempo para pensar. Nem questionar o mundo à sua volta. O excesso seria conservador e não libertador.

Cossery foi/é amigo de escritores que revolucionaram a literatura e a política nos anos 60 e 70 e que o admiravam: Henry Miller, Albert Camus, Boris Vian e Jean Genet.

Mais sobre Cossery no NãO se NASCE, FICA-se


Comentários:

domingo, janeiro 16, 2005

Adolf Wölfli


(versão 1255c - série "artes")







Comentários:

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Adolf Wölfli


(versão 1251b - série "artes")

(Au clair de la lune, 1919)
(Campbell's Tomato Soup, 1929)

Comentários:

domingo, janeiro 09, 2005

Adolf Wölfli


(versão 1243a - série "artes")
Depois de Artaud, Wölfli! Adolf Wölfli (Suiça, 1864-1930), um esquizofrénico que produziu uma monumental narrativa ilustrada (conhecem-se 25000 páginas repletas de complexos textos, desenhos, colagens e de composições musicais), a partir do momento em que foi internado num asilo para doentes mentais perto de Berna.


Wölfli construiu um futuro e passado gloriosos com a sua própria mitologia...













A propósito da exposição St. Adolf II - Um arquitecto em Waldau
de Ricardo Angélico
(patente até ao dia 29 no Átrio da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto - Póvoa de Varzim)

Comentários:

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Edward Gorey


(versão 1236a - série "artes")

Sabe bem voltar a Gorey

Comentários:

sábado, janeiro 01, 2005

Antonin Artaud


(versão 1230e - série "artes")
Pour en finir avec le jugement de Dieu (extracto da peça radiofónica de 1947): La Recherche de la Fecalite 2

o reche modo
to edire
di za
tau dari
do padera coco

Là, l'homme s'est retiré et il a fui.

Alors les bêtes l'ont mangé.

Ce ne fut pas un viol,
il s'est prêté à l'obscène repas.

Il y a trouvé du goût,
il a appris lui-même
à faire la bête
et à manger le rat
délicatement.

Et d'où vient cet abjection de saleté?

De ce que le monde n'est pas encore constitué,
ou de ce que l'homme n'a qu'une petite idée du monde
et qu'il veut éternellement la garder?

Cela vient de ce que l'homme,
un beau jour,
a arrêté
l'idée du monde.

Deux routes s'offraient à lui:
celle de l'infini dehors,
celle de l'infime dedans.

Et il a choisi l'infime dedans.
Là où il n'y a qu'à presser
le rat,
la langue,
l'anus
ou le gland.

Et dieu, dieu lui-même a pressé le mouvement.

Dieu est-il un être?

S'il en est un c'est de la merde.
S'il n'en est pas un
il n'est pas.
Or il n'est pas,
mais comme le vide qui avance avec toutes ses formes
dont la représentation la plus parfaite
est la marche d'un groupe incalculable de morpions.

"Vous êtes fou, monsieur Artaud, et la messe?"

Je renie le baptême et la messe.
Il n'y a pas d'acte humain
qui, sur le plan érotique interne,
soit plus pernicieux que la descente
du soi-disant Jésus-christ
sur les autels.

On ne me croira pas
et je vois d'ici les haussements d'épaules du public
mais le nommé christ n'est autre que celui
qui en face du morpion dieu
a consenti à vivre sans corps,
alors qu'une armée d'hommes
descendue d'une croix,
où dieu croyait l'avoir depuis longtemps clouée,
s'est révoltée,
et, bardée de fer,
de sang,
de feu, et d'ossements,
avance, invectivant l'Invisible
afin d'y finir le JUGEMENT DE DIEU.

Comentários:

This page is powered by Blogger. Isn't yours?