quarta-feira, dezembro 06, 2006
cheio de um desejo por algo que se perdeu
Eraritjaritjaka - Museu das Frases
(versão 2185a - série "artes")

Quando a ociosidade faz cócegas na língua (pensamento visto? no TNSJ... dado a ver por Heiner Goebbels a partir de Elias Canetti)

Eraritjaritjaka (arcaica expressão poética da tribo australiana Aranda) significa - nas palavras de Elias Canetti, Prémio Nobel da Literatura em 1981 – “cheio de um desejo por algo que se perdeu”.

Heiner Goebbels, um dos criadores mais marcantes da cena musical e teatral da actualidade, parte de notas e breves reflexões do escritor [Elias Canetti] sobre os tópicos mais diversos – música e linguagem, os nossos hábitos e vaidades, as cidades, os media, os animais e sobretudo o omnipresente poder da ordem - para construir um espectáculo ousado no seu carácter multidisciplinar e enigmático na sua irredutível sobriedade.

Nele se estabelecem intrigantes interferências entre a música interpretada pelo Quarteto Mondriaan, a presença magnética do actor André Wilms e o vídeo em tempo real que, para além de redimensionar o espaço de representação, adquire um inesperado estatuto dramatúrgico.

Eraritjaritjaka é a 3.ª e última parte de uma trilogia de Goebbels centrada em diários de escritores:
Joseph Conrad, Heiner Müller e Francis Ponge em Libertação de Prometeu (1993 e apresentado em 1997 no Rivoli do Porto) e
Paul Valéry, Georg Christoph Lichtenberg, Ludwig Wittgenstein e Max Black em Max Black (1998 e apresentado em 2000 no Rivoli do Porto)

"Eu não tenho que descrever Eraritjaritjaka. Todo o meu trabalho visa tornar essa questão cada vez mais difícil. O que dirige a atenção do público é o inesperado, e os segredos e o mistério do espectáculo. Começa como um concerto de quarteto de cordas, mas ninguém pode pensar que ficará por aí. Uma senhora encantadora disse-me que assistir ao espectáculo foi como entrar num quadro de Magritte. Nunca ninguém descreveu com tanta exactidão o que procurei fazer."
Heiner Goebbels
Heiner Goebbels
“Cobarde, verdadeiramente cobarde, é aquele que tem medo das suas lembranças.”
Elias Canetti
Elias Canetti
(excertos retirados, em parte, do site do TNSJ)
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