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segunda-feira, maio 31, 2004

Entre os extremos, o pianista


(versão 735a - série "artes")
Quanto desejo tangido pela acção dos dedos que ao de leve sussurram sobre as teclas alvi-negras.
Loas arrancadas das convicções da partitura que me escraviza.
Não bastou amputar os extremos da minha anti-ideologia (ouvi-me dizer).
Das extremadas decisões sobram a tua ausência. No seu lugar a angústia interpretativa que devolve sons com os quais não me identifico.
O pianista devotado ao seu próprio esquecimento. Desdedado para interpretar...
e se encarnasse num teclado provido de dedos outros em que as teclas das suas mãos providenciariam a carícia?

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sábado, maio 29, 2004

Transformações


(versão 729a - série "artes")
Transformação (comissariada por Jean Luc Monterosso numa co-produção Transphotographiques - Lille 2004)

"Transformer, c'est faire passer d'une forme à une autre. En ce sens, c'est la fonction même de l'art, en tout cas celle de la photographie qui, depuis ses origines, enregistre les transformations du monde. Aujourd'hui, sous le coup d'une profonde mutation, en particulier celle du numérique, l'art de Niepce se remet en question. Il n'enregistre plus seulement le réel, mais le met en scène ou le produit. En inscrivant la thématique de la transformation au coeur des Transphotographiques, il s'agit, à travers une dizaine d'expositions, de dégager les deux arêtes vives de la photographie aujourd'hui, à savoir sa fonction de témoignage et son propre questionnement."
(Jean Luc Monterosso)


Foto do cartaz: Bettina Rheims


Na secção oficial destacaria Le Corps aujourd'hui, histoire d'une métamorphose. O corpo está sempre omnipresente na criação artística contemporânea. A sua apropriação recente está bem patente nas 3 exposições que ocupam o Museu Hospice Comtesse e nos devolve a metamorfose dos corpos de hoje:
"Transparence" (Richard Avedon, Nicholas Nixon, Duane Michals, Diana Michener e Jan Saudek);

"Transformance" (Pierre Molinier, Michel Journiac, David Nebreda, Jurgen Klauke, Robert Mapplethorpe, Gotscho, Cindy Sherman, Orlan, Eva & Adèle, Martial Cherrier e Valérie Belin);

"Transmutation" (AES, Catherine Ikam & Louis Fleri, Keith Cottingham, Orlan, Lawick & Müller e Aziz & Cucher: foto lado direito).




William Klein também anda por lá... até 15 de Junho


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quarta-feira, maio 26, 2004

O imaginário popunk


(versão 722a - série "artes")

Leigh Bowery (1961-1994), performer.
Chocante, bizarro, espécie de escultura viva.
O criador de algumas das mais marcantes imagens dos anos 80. Leigh Bowery tomou literalmente conta da noite londrina com as sua criações visuais, verdadeiras encarnações do que viria a ser o trabalho de David LaChapelle.

Prolifico, fez performances em museus, nas ruas, em vitrinas de lojas, em galerias de arte e assinou figurinos para coreografias de Michael Clark. Desenhou guarda-roupas para espectáculos de dança, apareceu nas campanhas de moda da Pepe Jeans e Rifat Ozbek, em video-clips...

O talento de Bowery para a criação visual é inigualável. Os seus figurinos e as suas maquilhagens estarrecedoras influenciaram a estética de, por exemplo, Boy George e John Galliano. Na colecção Dior para o Verão de 2003, John Galliano inspirou-se no Bowery de 1983/86 para apresentar as suas modelos travestidas de coristas prêt-à-porter...

Foi ainda modelo do pintor Lucian Freud.














Para saber mais sobre Leigh Bowery

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sexta-feira, maio 21, 2004

Historias sem acento


(versão 707a - série "artes")
A partir de 2 de Junho e até 18 de Julho

A partir desta 7.ª edição PHotoEspaña passa a denominar-se Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais. Madrid volta a converter-se na capital mundial da fotografia em torno de 28 exposições da Secção Oficial (dum total de 51) subordinadas a um tema central: Historias.
PHotoEspaña 2004, através de Historias, oferece uma panorâmica dos usos narrativos e documentais com o objectivo de promover o debate e a reflexão sobre a validade destes procedimentos na criação contemporânea. Os 170 autores distribuem-se pelas historias que se subdividem em três partes:
a) a história comum, nos seus aspectos sociais, políticos e culturais;
b) as histórias individuais e quotidianas, tanto reais como ficcionadas;
c) a história da cultura visual.
Mas para além da fotografia a sua programação vê-se acrescida de outros aliciantes: cinema, vídeo e artes plásticas (pintura e desenho).
A fotografia cede parte do seu protagonismo para as novas linguagens documentais.
Os lusos Daniel Blaufuks e João César Monteiro estarão por lá...


Chen Chieh-Jen "Lingchi - Ecos duma fotografia histórica"

Pode perder-se pelas suas Historias aqui

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segunda-feira, maio 17, 2004

Musas


(versão 699a - série "artes")
Dia Internacional dos Museus
Pode perder-se celebrando. Sirva-se das propostas apresentadas pelo Instituto Português de Museus, este ano subordinadas ao tema Museus e Património Imaterial.

Enquanto não me perco, e porque posso nunca chegar a encontrar(-me), deleito-me com as 64 outras variações de muitas mais possibilidades. Daquelas que não se encerram em museus, musas...


Teresa Sherwin: Sixtyfour


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terça-feira, maio 11, 2004

"A fotografia não tem regras"


(versão 674a - série "artes")
Bill Brandt (1904-1983)
Bill Brandt é um dos maiores nomes da fotografia do século XX. A sua obra é multifacetada e aborda todos os aspectos da construção da imagem. Todas as suas fotografias expressam uma forte individualidade ao nível técnico e no domínio da composição visual.

Ao contrário do que muitas biografias rezam, Bill Brandt nasceu em Hamburgo e não em Londres. Passou parte da sua adolescência na Alemanha e na Suíça (para tratar uma tuberculose que contraiu aos 16 anos). É a doença, ou melhor a procura da cura com o recurso à psicanálise, que o leva a partir para Viena. Foi o Dr. Schwarzwald, que integrava a elite cultural local, quem o convenceu a eleger a fotografia como profissão. Apresentou-lhe Ezra Pound que por sua vez serviu de elo de ligação com Man Ray (Paris, 1929). Trabalha como assistente no estúdio de Man Ray e contacta com os surrealistas.

Depois desta experiência começa por analisar fotojornalisticamente a vida social inglesa. Cáustico no retratar dos contrastes sociais em The English Home (1936).

Há um retorno ao surrealismo nascido das amizades parisienses sem que perca, contudo, o seu traço distintivo: o particular interesse pela obscuridade donde emerge um fio de luz acentuada pelas provas contrastadas (evocado em Shadow of Light, 1966).
A partir dos anos 50 dedica-se quase exclusivamente ao nú feminino: fragmentos de corpos em grande plano. Esta ruptura advém do seu fascínio pelos grandiosos enquadramentos que Orson Welles utilizou em Citizen Kane: o espaço em detrimento do objecto, o pormenor por contraponto à imensidão.
A grande angular transforma os corpos em objectos quase irreais.
"A fotografia não tem regras" disse Bill Brandt.

Sugestão: visite o blogue Fotógrafos do Mundo

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sábado, maio 08, 2004

Do contrabaixo


(versão 681c - série "artes")
Praticamente durante todo o sempre.
Enlaçam-se e afagam-se demoradamente...
Ensaiam-se e depois exibem-se
E perante as despudoradas testemunhas...
...As suas mãos moldam-lhe todas as formas.
Por vezes,
muitas vezes enredados neste abraçar quase imóvel
Despertam-se.
Na
Música.
Do
contrabaixo.



Peter Kowald

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segunda-feira, maio 03, 2004

Jan Svankmajer


(versão 673a - série "artes")
Ontem fui ver (outros sentidos foram chamados a participar) a última longa metragem de Jan Svankmajer:


O alquimista do surreal que é Jan Svankmajer (República Checa, 1934) oferece-nos o Eraserhead do século XXI com uma boa dose de humor negro.
Sinopse impossível: Numa cidade checa, um vulgar casal tenta desesperadamente ter um filho. O marido a partir de um tronco de madeira arrancado à terra esculpiu as formas dum bebé. Dá à mulher o filho que biologicamente ambos não podem ter. A mulher assume uma gravidez inexistente e passados os 9 meses o pedaço de madeira "nasce"! Desempenha na perfeição o papel de mãe enquanto o marido enreda-se num inverosímil desfecho. O sonho depressa se transforma em pesadelo. A maior parte da acção desenrola-se no prédio onde habitam, entre outros, um pedófilo senil e uma menina de 12 anos…
(valha-nos a Casa da Animação do Porto)

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sábado, maio 01, 2004

O pudor da pauta da construção sonora assistida


(versão 661a - série "artes")
A impávida pauta recusava mostrar-se e quando assomou ao improvisado palco, de costas voltadas para o público, perscrutou a impaciência que ia construindo sons de expectativa quase gorada. Nada a fez demover, muito e pelo contrário, o apelo síncrono de quem espera ouvir...
e a pauta resguardava uma única nota. Que fazia-se tanger para sua própria fruição. E tudo o mais e o silêncio eram construção dos espectactores.

(dedicado a um corpo veloz)

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